sábado, 16 de agosto de 2014

Desculpa-me.



Escrevo-te a ti, porque depois de tanto tempo já não me ouves. As minhas palavras de socorro apenas vagueiam na minha cabeça e tu nem vês. Peço, desesperadamente, que me resgatem para ser alguém feliz.
Amo-te como nunca amei ninguém, mas ao longo de um ano percebi que amar não chega, que presentes como forma de desculpa não chegam e depois de tantas discussões, de tantos berros, de tantas pedras arremessadas...estou cansada. Sinto-me esgotada e não sei o que fazer.
Não posso fazer-te mudar, mas eu mudei. Perdi o meu sorriso genuíno por mais feliz que tente ser contigo. Perdi os meus amigos que tanto adorava. Perdi o meu nariz enpinado e o meu caminhar confiante pela rua achando-me superior a toda a gente. Perdi os meus momentos de descontração, de sair só por sair, beber uns copos e voltar para casa descalça. Perdi-me a mim, neste mundo tão pequeno e hoje envergonho-me do que sou. Já não me sinto bonita, olho para mim e a única coisa que vejo é um olhar cansado. Perdi a minha coragem, neste momento tenho medo de tudo, já não sou aventureira e o espírito livre ficou para trás, muito lá atrás onde já não o consigo ver. Queria tentar mostrar-te o quão estou sufocada, encurralada entre quatro paredes que vão encolhendo cada vez que discutes comigo.
Desculpa-me. Desculpa não conseguir ser feliz ao lado de quem amo, mas amar não chega e antes de te amar a ti, tenho que me amar a mim, e há tanto que me olho ao espelho e não o consigo fazer.
Já não conversamos, arremessamos tudo o que temos à cara um do outro como se isso melhorasse o que temos cá dentro. Eu errei muito, nunca fui perfeita, nunca pedi para o seres. Sempre tentei remediar os meus erros e não voltar a cometê-los, tu não o fizeste comigo. Sempre testaste os meus limites até ao fim e de todas as vezes que te tento mostrar o quão sufocada estou, dizes que me amas quando para mim isso já não chega. Preciso de atitudes. Preciso que me libertes e tu nunca o vais fazer por mim. Sabes porquê? Vives em demasia a olhar para os meus defeitos sem conseguir olhar para os teus.
Desculpa-me por termos tido momentos tão maravilhosos mas só isso não chegar, porque já nada disso é genuíno. No meio de tudo, escrevo-te para entenderes que és uma pessoa que admiro, que és uma pessoa maravilhosa. Mas desculpa-me. E liberta-me.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

      Eliminar